Empleo
30 outubro 2020

UNICEF quer gerar 1 milhão de oportunidades para jovens e adolescentes no Brasil

Programa “1 Milhão de Oportunidades” quer unir esforços de empresas e da sociedade civil para oferecer oportunidades de carreira a jovens entre 14 a 24 anos.

Nunca na história houve tantos jovens e adolescentes no Brasil como existe atualmente. São 48 milhões de pessoas com idade entre 10 e 24 anos, sendo que desse total, 23% não frequenta a escola, nem trabalha. Se já era uma questão dar continuidade aos estudos e ingressar no mercado de trabalho, com a crise econômica e o aumento das desigualdades sociais provocados pela pandemia da Covid-19, o cenário tende a ficar ainda mais negativo para essa parcela da população.

Para combater essa situação, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), lançou esta semana o programa “1 Milhão de Oportunidades”, que tem como objetivo unir empresas privadas e a sociedade civil para que, em dois anos, sejam geradas 1 milhão de oportunidades de carreira com o foco em quatro pilares: acesso à educação de qualidade; inclusão digital e conectividade; fomento ao empreendedorismo e protagonismo; e acesso ao mercado de trabalho.

O público-alvo da iniciativa são adolescentes e jovens de 14 a 24 anos, em especial aqueles em situação de vulnerabilidade, como negros e pardos, indígenas, pessoas com deficiência, e adolescentes e jovens moradores de periferias urbanas e áreas rurais.

“Investir nas juventudes não é apenas investir no futuro, mas também trazer novas visões criativas e rebeldes que são naturais das juventudes. Com uma oportunidade, um jovem da favela pode mudar sua comunidade. Com um milhão de oportunidades, jovens potentes podem transformar o Brasil”, reforça Patrick Pereira, membro do Conselho Jovem do UNICEF.

No Brasil, um em cada quatro adolescentes e jovens não estuda, nem trabalha. O ensino médio é a etapa com maiores índices de evasão escolar. Em 2018, mais de 458 mil adolescentes deixaram a escola. “Com a pandemia da Covid-19, esses números podem aumentar ainda mais. É essencial investir, agora, nos adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade, criando oportunidades para que se mantenham aprendendo e consigam ingressar no mundo de trabalho. Só assim será possível quebrar o ciclo de pobreza que afeta tantas famílias”, explica Florence Bauer, representante do UNICEF no Brasil.

Os avanços da tecnologia têm impactos profundos no mercado de trabalho. Com isso, as desigualdades no Brasil podem se ampliar ainda mais, excluindo aqueles em situação de vulnerabilidade e sem formação profissional. Por isso que para o UNICEF é urgente ofertar oportunidades para que cada jovem e adolescente possa ter acesso a uma educação de qualidade, seja incluído digitalmente e conte com oportunidades decentes no mundo do trabalho, adequadas à sua faixa etária.

De acordo com dados apresentados pelo secretário-geral da Fundação Roberto Marinho, Wilson Risolia, não investir na educação e integração dos jovens gera um custo social de R$ 214 bilhões. “Permitir a desigualdade é socialmente injusto e desumano, além de insano, do ponto de vista econômico. Quanto mais pobreza, menos geração de renda, todo o sistema corrói, a qualidade de vida do coletivo se deteriora. E todo mundo paga a conta”, ressalta.

“Um dos efeitos da crise é que o futuro do trabalho está chegando com uma rapidez maior do que o previsto. Como a procura das empresas por novas competências e qualificações vai crescer, é preciso preparar a juventude para esse cenário com ações inovadoras”, disse Martin Hahn, diretor do Escritório da OIT no Brasil.

Para reverter o cenário atual, é fundamental investir na juventude, pois adolescentes e jovens são a peça-chave nesse processo de transformação. Eles são nativos digitais, com alta capacidade de trabalhar em rede, buscam propósito na vida profissional e têm energia e conhecimento para desenvolver soluções inovadoras.

O projeto 1 Milhão de Oportunidades conta com uma plataforma digital (1mio.com.br) que é atualizada em tempo real e está dividida em três categorias: formação, oportunidades e conteúdo. Nela, adolescentes e jovens encontram informações sobre vagas abertas em todo território nacional, cursos de formação para o trabalho e materiais em geral, como vídeos, mentorias e e-books compartilhados pelos parceiros.

Até agora, a iniciativa conta com a adesão de cerca de 30 empresas parceiras de diferentes setores – do varejo e setor financeiro à tecnologia. As empresas que desejam fazer parte desse grande movimento de inclusão, encontram as informações na plataforma 1MiO.

No Brasil, o Comitê Programático da iniciativa é composto por UNICEF, OIT, Fundação Roberto Marinho, Itaú Social, Instituto Unibanco, United Way e quatro adolescentes.

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