Estudo de bem-estar e políticas de juventude no Peru

OCDE

Estudo de bem-estar e políticas de juventude no Peru, dirigido pelo Centro de Desenvolvimento da OCDE, analisa o estado da inclusão social e de bem-estar dos jovens peruanos utilizando dados de diversas fontes secundárias — Encuestas de Hogares (Pesquisa de Lares), Informes PISA etc. O enfoque do estudo inclui diversos elementos das dimensões de emprego, educação, saúde e participação cidadã.

No Capítulo 1, é elaborada uma radiografia do bem-estar dos jovens no Peru, se centrando em dimensões fundamentais que satisfazem e empoderam os jovens para serem autores das suas próprias vidas e transitarem exitosamente para a etapa adulta.

  • Com respeito à educação, as conclusões apontam para uma expansão em termos de acesso, a taxa neta de matrícula de educação obrigatória (12 a 16 anos) aumentou de 70 % em 2004 para 82 % em 2014. Contudo, existem ainda dificuldades em matéria de baixa qualidade educacional e grandes brechas segundo o entorno no qual vivem e o nível de pobreza dos jovens.
  •  A oferta laboral aumentou nos últimos anos. A porcentagem de jovens que não estudam nem trabalham se encontra em 15 %, aproximadamente (uma das taxas mais baixas na região). Porém, o verdadeiro desafio se encontra na alta informalidade, mais de 80 % dos jovens peruanos entre 15 e 29 anos trabalham em empregos informais.
  • Os resultados que, por outra parte refletem o bem-estar subjetivo dos jovens, sugerem que poucos adolescentes no Peru estão insatisfeitos com a sua vida (16,4 % de adolescentes entre 17 e 19 anos). Também são poucos os que demonstram sentimentos negativos, apenas 12,3 % afirma se sentir frequentemente infeliz, abatido e com vontade de chorar ao mesmo tempo.
  • A desconfiança dos jovens com respeito às suas instituições disparou no Peru, cerca de 80 % dos jovens declararam desconfiar de instituições como o governo (provincial, regional e local), o Congresso, o Sistema Judicial ou a Polícia. As razões principais para esta desconfiança, argumentarão os autores, são a falta de crescimento econômico ou o seu impacto nos salários e na igualdade, a corrupção, a evasão de impostos, o pouco respeito pelo Estado de direito etc.

No Capítulo 2, são mapeadas as principais políticas dirigidas para a juventude e é analisado o panorama institucional e o órgão responsável pela juventude no Peru: a Secretaria Nacional de Juventude (Secretaría Nacional de Juventud, SENAJU). A partir do mesmo, se conclui a necessidade de apoiar o fortalecimento institucional, gerencial e orçamental da SENAJU e criar um mecanismo de coordenação intersetorial.

No Capítulo 3, é analisada a qualidade da educação obrigatória no país, as diferenças entre certos grupos populacionais e os fatores que influenciam nos resultados do sistema. As principais conclusões apontam a que as políticas educacionais no país tenderam a serem enfocadas exclusivamente na universalização da educação, sem levar em consideração o como manter e aumentar a qualidade da oferta educacional. Ao aproximar este nível educacional a lugares e setores da população aos que nunca tinha chegado, são apresentadas demandas que não são possíveis de serem satisfeitas com apenas a implementação de maior infraestrutura, material, docentes ou mudanças pontuais no currículo escolar. O que realmente ocorre é que essas “novas” necessidades estão intimamente ligadas à diversificação dos alunos.

Finalmente, no Capítulo 4,  se estuda a participação juvenil nas políticas públicas a nível nacional e regional. Nesse sentido, o panorama da participação juvenil no processo de formulação de políticas públicas a nível nacional é bastante pobre, concluem os autores. Isso se deve tanto à falta de espaços participativos quanto à falta de integração dos jovens no ciclo de políticas públicas.

As instituições de juventude estão desenvolvendo um trabalho informativo, sem que isso se traduza em verdadeiras oportunidades para que os jovens influenciem nas decisões que lhes concernem. Por outro lado, participar no processo de formulação de políticas públicas exige certas habilidades que não são ensinadas na escola porque não são consideradas prioritárias. Tudo isso, expõem os autores do informe, reforça a opinião negativa dos jovens sobre a política e o Estado e as suas instituições; consideram o Estado não como agente de benefício, mas sim como “adultocéntrico” em todas as suas formas, principalmente desde o ponto de vista dos jovens urbano marginalizados. É por isso que os jovens preferem espaços participativos afastados da política partidária e priorizam o voluntariado.